Como a sobrecarga emocional e a constante autocobrança afetam mães que tentam ser tudo ao mesmo tempo.
Ser mãe de um adolescente é como caminhar num campo minado emocional — tentando manter todos seguros enquanto carrega o peso do mundo nos ombros. E o que ninguém vê, mas você sente todos os dias, é o cansaço que vai se acumulando por dentro. Não aquele cansaço físico, que um cochilo resolve. Mas o cansaço emocional, profundo, silencioso — o que mora entre a culpa e a sensação de que, não importa o quanto você tente, nunca é o bastante.
Essa fase traz desafios que escapam do manual. O filho muda, se distancia, contesta. De repente, aquele olhar que antes buscava o seu agora evita o encontro. As palavras ficam mais curtas. As respostas, atravessadas. Você tenta conversar, mas parece que tudo vira conflito. E no meio disso, ainda existe a rotina, o trabalho, as cobranças externas — e as internas, que talvez sejam as mais cruéis.
Porque enquanto tudo acontece, você vai se perguntando se está falhando. Se perdeu o momento certo de falar. Se foi dura demais. Ou permissiva demais. Se está sendo negligente, mesmo fazendo o seu melhor. E essa autocobrança constante desgasta. Ela pesa mais que qualquer bronca, mais que qualquer porta batida. Porque ela não vem de fora. Ela nasce dentro de você, todo dia.
O problema é que, nesse ritmo, você vai se apagando. Vai deixando para depois o que te recarrega. Vai se afastando de si para continuar disponível para o outro. Mas aqui está algo que precisa ser dito com clareza: isso não é sustentável. Nem justo. Nem saudável — para ninguém. Nem para você, nem para seu filho.
Autocuidado, nesta fase, não é vaidade. É sobrevivência emocional. É uma forma de dizer para si mesma: “Eu também importo.” Porque quando você se escuta, você ensina seu filho a fazer o mesmo. Quando você impõe limites saudáveis para si, mostra para ele que limite é respeito, não punição. E quando você para, respira e se acolhe, você está sendo exatamente o que ele mais precisa: uma referência de equilíbrio, e não uma fortaleza silenciosa prestes a ruir.
O amor continua o mesmo. Mas o papel muda. E nessa nova fase, a mãe perfeita não é a que acerta tudo — é a que tem coragem de se manter presente, mesmo cansada, mesmo insegura, mesmo imperfeita.
A que entende que se cuidar é também uma forma de cuidar do outro.
Porque mães também adoecem. Mães também choram baixinho no banho. Mães também precisam de colo — ainda que nunca peçam.
E talvez, o passo mais valente que você possa dar agora, seja esse: reconhecer que não dá mais pra seguir ignorando o que você sente. Que estar bem não é opcional. É base.
Seu filho precisa de você.
Mas você também precisa de você.
E isso não é egoísmo.
É maturidade.
É amor em estado adulto.