Como gestos, expressões e atitudes sutis influenciam profundamente a conexão e o comportamento do seu filho.

Eles dizem que os adolescentes não ouvem. Que respondem com grosseria, que viram os olhos, que ignoram. Mas poucos pais percebem que, antes de tudo, o adolescente está observando. O tempo todo.
Muito além das palavras, seu filho escuta sua postura. Escuta o tom com que você entra pela porta. Escuta o silêncio com que você fecha os olhos no fim do dia. Escuta quando você fala “tá tudo bem”, mas suspira fundo no corredor. Ele escuta com os olhos.

Na adolescência, a sensibilidade emocional se amplifica. Eles estão tentando entender o mundo, os outros e a si mesmos — e fazem isso observando. Absorvendo. Reagindo não ao que você diz, mas ao que você vive.
É por isso que um simples levantar de sobrancelha pode soar como reprovação. Um olhar vago pode ser interpretado como desinteresse. Uma distração no celular no meio de uma conversa pode doer mais do que mil palavras duras.

E isso não significa que você precisa ser impecável ou estar sempre sorrindo. Não. Significa apenas que é preciso consciência. Que o que você comunica sem falar molda, todos os dias, o tipo de espaço que seu filho sente que pode ou não habitar ao seu lado.

Quando você demonstra escuta com o corpo — abaixando os ombros, sustentando o olhar, virando o rosto com presença — você está dizendo: “Estou aqui, mesmo que eu não tenha todas as respostas.”
Quando seu gesto é acolhedor, ele baixa a guarda.
Quando seu semblante é acessível, ele se aproxima.
Quando sua presença é real, ele sente. E reage.

A conexão não se constrói em grandes conversas. Ela nasce nos pequenos momentos em que o corpo inteiro comunica presença, respeito, atenção. E cada um desses gestos tem poder de abrir ou fechar pontes.

Seu filho pode não lembrar do que você disse ontem. Mas vai se lembrar, por muito tempo, de como se sentiu ao seu lado.
E isso — isso começa pelo que você transmite mesmo quando está em silêncio.

Nem sempre é fácil entender tudo o que muda dentro de um filho que está crescendo, mas existem caminhos mais leves, conscientes e possíveis para atravessar essa fase com presença, escuta e conexão.